Até o som era bonito: Réveillon em
Nova York. Eu já tinha visto reportagens na TV, com aquela bola descendo à meia-noite na Times Square, coisa de cinema. E assim meu marido, meu filho, minha filha e eu, que há 20 anos passamos sempre o final do ano numa praia do Litoral Norte de São Paulo, decidimos celebrar a chegada do novo ano na neve de Manhattan. Com uma ideia na cabeça e várias malas em cada mão, embarcamos rumo a uma das maiores roubadas de nossa história familiar.
O hotel não era ruim, mas bom também não era. Pelo menos a localização era ok, perto da Times Square, perfeita para fazer tudo a pé. Afinal, Nova York é para andar, certo? Errado, pelo menos nessa época do ano, porque, para andar, é preciso ter chão, e chão não havia. Explico.
Pense numa multidão de 100 mil caminhando de forma contínua, no frio, com neve. Você levanta um pé e fica como um saci congelado, porque não tem mais espaço para colocar a sola da bota de volta.
Tem fila pra entrar em restaurante, lanchonete, lojas. E pra fazer xixi? A fila para pegar a balsa para Ellis Island tinha uma demora de seis ho-ras. Museus? Lotados.
E ainda tinha os detalhes que eu só descobri lá: nos últimos dias do ano, a diária do hotel do-bra. No 31, as pessoas chegam cedo à Times Square pra guardar lugar. E porque não dá pra sair de lá até a meia-noite, muita gente vai de fraldão! A tal bola? MUITO pequena. Celebração? Nenhuma. Não tem cantoria, champanhe. Nada.
Com todo mundo infeliz, resolvemos cancelar a festa em plena tarde de 31 de dezembro e voltar para casa. Por telefone, antecipei as passagens. Arrumamos as coisas e fomos para o aeroporto. Quando deu meia-noite, uma comissária trouxe 5 mililitros de algo que tinha bolinhas, celebramos e aprendemos a lição: viagem boa é resultado de planejamento e pesquisa, não de meros desejos da cabeça da gente.
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